sábado, junho 04, 2011

Las Vegas e Los Angeles





O primeiro ano de doutorado se foi e, para celebrar o feito, uma ida com Sibele, Zeca e Núbia a Los Angeles e Las Vegas foi feita. Maiores detalhes sobre a cidade dos anjos e a cidade do diabo está abaixo.

Las Vegas – ou Vegas para os íntimos
Se você, assim como eu, não é fã de jogos de aposta nem de lugares que descaradamente simulam realidades de outros locais - existe um famoso artigo científico sobre a “cópia de realidade” criada em Las Vegas chamado “May the farce be with you” - você vai resistir a Las Vegas... até você entrar lá.

Chegando pelo Sul você quase passa desapercebidamente pela placa “Welcome to Fabulous Las Vegas”. Logo após, dois prédios em forma de barra de ouro compõem o complexo do Casino/Hotel Mandalay Bay, cujo tema gira em torno do luxo da natureza. Dali em diante, o mundo urbano ocidental está condensado em 2 quadras de casinos que simulam algumas das principais cidades e pontos turísticos do nosso imaginário. Em Vegas, você pode ir a Veneza, Paris e Nova York em 5 minutos. Enquadrando a sua câmera fotográgica corretamente, você consegue facilmente tirar uma foto para contar aos amigos que andou por estes lugares sem ter nunca ido até lá. A foto da Torre Eiffel na verdade fica até melhor.

Nesta quadra-mundo, não é apenas o espaço que está condensado, mas também o tempo, que é constantemente distorcido. O Ceasar Palace - provavelmente o maior dos casinos pelo menos em tamanho - tem como tema Roma Antiga. Próximo a ele está o Treasure of Island, cujo tema são piratas, e o Cosmopolitan, que dá ares de um inferninho futurista com garotas dançando em nichos suspensos, iluminação fumê e uma coleção abundate de cristais ao longo da sala principal de jogos. Se é noite e você quer dia, vá ao interior do The Venetian, onde os canais de Veneza e a praça de São Marcos estão sempre entardecendo. Você também pode ir a um trecho da Freemont Street chamado Freemont Experience, onde uma gigantesca tela côncava cobre a rua projetando mensagens, publicidade e imagens em cores sempre saturadas. Se é dia e você quer noite, essa é fácil: escolha qualquer um dos casinos.

Para as pessoas perderem a noção do tempo, os casinos aplicam a eficiente fórmula: pouca iluminação - janelas - relógios nas paredes + garçonetes ativas + barulho o tempo todo = que horas são isso mesmo?. Nesta equação, o constante barulho das máquinas serve como lembrete ao jogador que mais alguém acaba de ganhar, dando a sensação de que, se ele jogar só mais um pouco, sua vez de ganhar chegará. Os casinos são 24 horas não apenas em termos de horário de trabalho, mas de horário de consumo. Minha resistência física não me permitiu dar uma idinha ao salão de um casino no meio da madrugada para ter certeza de que o negócio estaria bombando, mas a partir das 8:30 da manhã a hipótese está confirmadíssima. O movimento nestas horas teoricamente indigestas para ojogo impressiona. As garçonetes seguem trazendo bebidas alcólicas de graça (eu me pergunto o que elas diriam se alguém pedisse leite) como se fosse 10h da noite, contanto, claro, que você esteja jogando. Aliás, esta é maneira mais barata de se beber em Las Vegas. Você pode comprar 50 centavos em fichas e jogar bem devagarinho nas máquinas (1 centavo por vez) enquanto você pede bebida pras garçonetes. Você deve ter notado que eu só falei em garçonetes. Coincidência? Claro que não. O decote delas e o tamanho dos peitos também não são. Curioso deve ser observar o processo de recrutamento e seleção nos casinos. Peito P ou M? Funcão X, Y e Z. Peito G ou GG? Função A,B e C.

Toda esta condensação de espaço e distorção de tempo é acompanhada por um apelo especial a jogo, fumo, bebida e sexo. Não é a toa que a cidade tem o apelido de Sin City, a cidade do pecado. Até então, eu achava que, se o capeta tinha uma morada na Terra, ela se localizava em Amsterdam, mais precisamente no Red Light District. Neste distrito, igrejas, estalecimentos comerciais “inocentes” e famílias passeando se misturam com sex shops, museus de objetos fálicos e garotas convidativas (convidando que você conheça o escritório delas). Porém, comparado a Vegas, o tal distrito da capital holandesa parece mais um campo de batalha entre Deus e o Diabo do que a morada oficial do cramulhão. No Red Light os dois parecem ainda ironicamente conviver. Mas, se o capeta tem residências aqui na terra do meio, uma delas certamente é uma suíte presidencial em algum dos casinos da Main Strip (a rua principal de Vegas). Em Vegas, o capeta tomou conta geral ao oferecer a possibilidade de prazeres controlados por preços acessíveis. Quer apostar e ganhar dinheiro sem trabalhar? A partir de 1 centavo você pode usar as máquinas e tentar a sorte. Quer atirar? Por U$25 você pode escolher entre um rifle ou pistola semi-automática para dar 20 tiros em uma loja de armas. Quer voar de helicoptero? U$29 são suficientes para uma rápida volta em torno do Lago Mead, a parte represada do Rio Colorado que é a principal fonte de água para o Sudoeste dos Estados Unidos. Limosine? Sai um pouco mais caro do que os demais prazeres, mas por U$60 ja dá para rodar uma hora dentro daquela linguiça ambulante pelas ruas iluminadas de Las Vegas. Mas Vegas não é só sexo, drogas, bebida e jogo. Tem também o consumo mais “normalzinho”. Os mais santos podem se divertir um dia inteiro pecando em um dos Outlets que circumdam a cidade. Enfim, é difícil escapar. O capeta é perspicaz e ardiloso. Aí, se você conseguir sair de Las Vegas ileso e quiser ir embora, você novamente passará pela placa “Welcome to Fabulous Las Vegas” desta vez com mais atenção. A dúvida será se o fabuloso é de espetacular, único e estonteante ou de fábula mesmo, algo que não existe, hiperreal, onírico, com personagens fictícios que viajam no tempo e no espaço e que podem ficar ricos em um passe de mágica. Talvez os dois.

Fotos:http://www.facebook.com/media/set/?set=a.10150201577264507.326744.514369506&l=0ce05612c1

Los Angeles


A primeira característica que chama atenção são os anéis viários da cidade (até porque é a primeira coisa que um visitante vê). Quatro pistas de cada lado da estrada é normal. Alguns trechos chegam a ter 9 pistas de cada lado, causando uma sensação de tontura em motoristas menos cosmopolitas, principalmente quando os nativos costuram ultrapassagens acima do limite de velocidade. Mesmo assim, o fraco transporte público da cidade não permite um trânsito fluido. Engarragamentos são comuns - apesar de não serem quilométricos - e os motoristas adoram uma buzina. Sinais típicos de uma metrópole impaciente.

Contrastando com o cinza das estradas está o verde das colinas de LA. As estradas na verdade cortam e se entrelaçam com as colinas. Então, de tempos em tempos você “desce” por uma saída e chega a uma parte da cidade, que, apesar do estresse de uma grande metrópole, tem seus atrativos. Aquela imagem de LA do Stalone Cobra, uma cidade insegura e violenta precisando de uma “cura para uma doença” (que pérola de frase do Silvester), não existe mais ou pelo menos fica bem escondida. As cidades vizinhas deLA também têm seu charme, algumas delas encarnando o estereótipo do sonho americano. Em Glendale, uma das pequenas cidades da grande LA, visitamos por acidente um shopping chamado “The Americana” que nos tirou do eixo. Chegamos lá depois de entrar por engano em um rua sem saída que, na verdade, era uma entrada para um estacionamento pago. Este estacionamento acidental tinha uns 5 andares, uma rampa de acesso com 3 pistas e um bando de motoristas “metendo por fora” para chegar mais rápido às escassas vagas. Completada a missão de estacionar, pegamos um elevador mágico que nos largou no meio da cidade perfeita: show de águas, monumento aos soldados americanos, crianças assoprando bolinhas de sabão em um gramado tão verde quanto o da casa de verão da Família Real Inglesa, postes nostálgicos de iluminação pública da década de 50, vendedores das lojas usando gravata borboleta, avental e chapéu de marinheiro, bonde elétrico e música estilo Frank Sinatra tocando em pequenas caixas de som espalhadas pelas ruas do bairro encantado. Ninguém tinha defeito em “The Americana”. A sensação que tínhamos era de que se uma criança chorasse ela seria imediatamente removida por estar atrapalhando o clima. A comparação mais próxima que conseguimos chegar foi o “Show de Truman”, aquele filme estrelado pelo Jim Carrey em que ele vive em um mundo perfeito que, na verdade, é cenário de um reality show.

Inúmeras atrações culturais mescladas com atrações naturais também compõem o cenário de Los Angeles. Bons museus e belas praias estão à disposição dos visitantes. Em particular, Santa Mônica atrai uma pequena multidão para o seu pier, que oferece um mini parque de diversões, vendedores ambulantes, artistas de rua e uma filial do Bubba Gump, que explora bem a sua relação com o filme Forrest Gump. Na frente deste restaurante de camerões que Forrest teria fundado com o Tenente Dan em homenagem ao seu melhor amigo Bubba, há um banco de madeira com um pacote de presente, uma pequena mala, e um tênis branco da Nike de concreto para você entrar no filme por alguns instantes.

Falando em filmes, não esqueçamos que Hollywood fica do ladinho de Los Angeles. A calçada da fama, os estúdios e o Kodak Theatre estão entre as principais atrações da região. Em frente ao Kodak Theatre, pessoas se apoderam da calçada para tirar fotos ao lado daquelas estrelas com os nomes dos artistas. Em paralelo, artistas de rua fantasiados de Batman, Homem-Aranha, Jack Sparrow (Piratas do Caribe) e Michael Jackson dão um toque maior de realismo (?) e deixam você tirar um foto com eles em troca de uma doação qualquer.

Por último, saindo (parcialmente) do mundo da fantasia e dobrando à esquerda você chega a Beverly Hills, seus famosos moradores e suas sumtuosas casas. Para otimizar o tempo do passeio por lá optamos por comprar uma mapa da casa dos famosos, já que não esperávamos placas apontando “aqui casa da Madonna” ou “siga reto para Jack Nicholson”. Pagamos dolorosos U$7 pelo tal mapa da mina, que ficaram mais dolorosos quando chegamos à Beverly Hills e fomos lembrados pelas paredes das casas das estrelas que a maioria dos ricos gosta mesmo é de privacidade. A parte mais visível das casas era o telhado e a caixa de correio. Disapontados com a falta de sensibilidade das estrelas que não querem expor suas vidas aos milhões de turistas e paparazzi que circulam por lá, deixamos a parte residencial de Beverly Hills para dar uma passadinha pelas grifes e vitrines da Rodeo Drive. Lá, tudo era visível, mas de vísivel para atingível o caminho é grande... Eu até quis dar um anel da Tyffany para a Sibele, mas ela não aceitou. Só nos restou ir embora e jantar uma cebola no Outback. Aposto que os ricos não sabem o prazer que aquela cebola dá.

Fotos: http://www.facebook.com/media/set/?set=a.10150201587449507.326748.514369506&l=660e688373

4 comentários:

Anônimo disse...

Li , reli e adorei, viajar com a tua leitura eh bom demais, saudações do frio aqui de taquara city, bjos e boa semana!!! Paula

Sibele disse...

Ótimo ler o que tu escreve, meu amor! Ahhh e obrigada por me levar contigo nas tuas aventuras ;P Sibele

Hermano Mota disse...

Fala André!! Que bons relatos de Vegas e LA. Parece que estou andando por lá quando leio. Show de bola! Abração!

Fofa disse...

Parabéns André! lendo teu blog, parecia que estava viajando junto...a Tia Cida deve ter um baita orgulho desse memino....Parabéns e felicidades sempre...abraço Ale